José de Alencar (1829-1877, Brasil)

Fichamento por Daniel Medeiros Padovani, 18/11/2021.
José de Alencar (1829-1877) foi um escritor, dramaturgo, advogado e político brasileiro. José Martiniano de Alencar nasceu em 1 de maio de 1829 na cidade de Messejana (atualmente é um bairro da cidade de Fortaleza), no estado do Ceará (na época província), Brasil (na época Império do Brasil). Filho do padre, jornalista e político José Martiniano Pereira de Alencar (1794-1860) e de Ana Josefina de Alencar (?-1887), foi o primeiro filho do casal e só teve sua paternidade reconhecida em 1859, através de um documento chamado "Escritura de Reconhecimento e Perfilhação de Filhos Espúrios", já que ele e seus irmãos nasceram de uma relação ilegítima (e considerada escandalosa na época) pois seu pai era sacerdote da Igreja Católica. O documento dizia em partes: "O padre José Martiniano de Alencar, já sendo clérigo de Ordens Sacras, contraiu amizade ilícita e particular com dona Ana Josefina de Alencar, sua prima no primeiro grau, e dela tem tido desde aquele tempo até doze filhos". José de Alencar, que tinha na família o apelido de Cazuza, teve doze irmãos, entre eles: Leonel (1832-1921, Barão de Alencar), Tristão (1837-1921), Maria Amélia (1840-?), Bárbara Augusta (1842-?), Joaquina Carolina (1843-?), Argentina Adelaide (1850-?) e Carlos (1852-1921). Sua avó paterna foi Bárbara de Alencar (1760-1832), heroína da Revolução Pernambucana (1817) e da Confederação do Equador (1824). O pai de José de Alencar, além de padre, era político (foi deputado, senador e governador do Ceará), e Alencar cresceu nesse meio político num período de grandes disputas pelo poder, o Período Regencial (1831-1840), período entre a abdicação do imperador Dom Pedro I e a proclamação da maioridade de Dom Pedro II, aos 14 anos de idade, através da Declaração da Maioridade, que o tornou imperador do Brasil. Em 1840, aos 11 anos de idade, mudou-se com a família para a cidade do Rio de Janeiro, capital do Império, e foi matriculado no Colégio de Instrução Elementar. Em 1843, o jovem Alencar, com 14 anos de idade, mudou-se para a cidade de São Paulo, indo residir em uma república de estudantes, e matriculou-se em cursos preparatórios para a Faculdade de Direito, começando a faculdade em 1846. Nessa época criou, juntamente com alguns colegas, a revista semanal Ensaios Literários, onde publicou seus primeiros ensaios. O terceiro ano da faculdade, ele cursou na cidade de Olinda, na província de Pernambuco, concluindo o curso em 1850, já de volta à São Paulo. Após terminar a faculdade, voltou para o Rio de Janeiro e, em 1854, começou a publicar o folhetim Ao correr da pena (crônicas) no jornal Correio Mercantil. Em 1855, José de Alencar e seu irmão Leonel passaram a chefiar a redação do jornal Diário do Rio de Janeiro. Nesse jornal, sob o pseudônimo de Ig., em formato de cartas, Alencar publicou Cartas sobre A Confederação dos Tamoios, críticas literárias da obra A Confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães (1811-1882). Em 1856, publicou o primeiro romance, Cinco minutos. Mas é no ano posterior que alcançou notoriedade com O guarani. Esses romances foram publicados inicialmente como folhetim no Diário do Rio de Janeiro e só depois no formato de livros. Em 1859, tornou-se ingressou no serviço público como chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo depois consultor do mesmo. Em 15 de março de 1860, seu pai faleceu e, nesse mesmo, ingressou na política, como deputado provincial no Ceará, pelo Partido Conservador (mandatos de 1861-1863 e 1869-1872). Em 20 de junho de 1864, casou-se com Georgiana Augusta Cochrane (1846-1913), com quem teve seis filhos: Augusto (1865-1927), Clarice (1869-1957), Cecília (1870-1953), Elisa (1867-1925), Mário (1872-1925) e Adélia (1874-1946). Segundo uma história nunca confirmada, Mário de Alencar poderia ser, na verdade, filho do escritor Machado de Assis (1839-1908), o que, para alguns, daria respaldo para o enredo principal do romance Dom Casmurro (1899). Em 1868, tornou-se ministro da Justiça. Em 1869, candidatou-se ao senado do Império por Ceará, mas o imperador D. Pedro II não o escolheu para o cargo de senador alegando que Alencar era muito jovem ainda. Magoado com o imperador decidiu abandonar a carreira política, deixando o cargo de ministro da Justiça em janeiro de 1870. Além dos romances, José de Alencar escreveu peças de teatro. Em 1877, ele viajou para a Europa, em busca de tratamento médico, porém não obteve sucesso. No mesmo ano, em 12 de dezembro, o consagrado escritor faleceu no bairro de Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro, aos 48 anos de idade, vítima de tuberculose. Seu corpo foi enterrado no Cemitério de São Francisco Xavier, mas posteriormente, transferido para o Cemitério de São João Batista, ambos no Rio de Janeiro. José de Alencar publicou seus livros utilizando os pseudônimos J. de Alencar, G. M. e Senio. Duas obras foram publicadas postumamente em 1893: Como e porque sou romancista e Encarnação. Em julho de 1897 (quase 20 anos após sua morte), foi fundada a Academia Brasileira de Letras (ABL). Nas discussões que antecederam a fundação da academia, seu nome foi defendido por Machado de Assis para ser o primeiro patrono (cadeira Nº 1). Mas como o fundador dessa cadeira era Luís Murat (1861-1929), o patrono escolhido por ele foi Adelino Fontoura (1859-1884), um autor quase desconhecido. Machado de Assis, fundador da cadeira Nº 23, nomeou então José de Alencar como patrono de sua cadeira. Posteriormente, os membros que ocuparam essa cadeira foram: Lafayette Rodrigues Pereira, Alfredo Pujol, Otávio Mangabeira, Jorge Amado, Zélia Gattai, Luiz Paulo Horta e Antônio Torres. [fonte: Wikipedia.pt] | Álbum de Capas do Escritor |

Livros Publicados (26):
  1. Cartas sobre a Confederação dos Tamoios | Ig. | 1856 | cartas críticas
  2. Cinco Minutos | J. de Alencar | 1857 | romancete urbano
  3. O guarani | anônimo | 1857 | romance indianista
  4. A viuvinha | J. de Alencar | 1860 | romancete urbano
  5. Lucíola  | G. M.  | 1862 | romance  urbano
  6. As minas de prata |  J. de Alencar | 1862 | romance histórico 
  7. Diva | G. M. | 1864 | romance urbano
  8. Iracema | José de Alencar | 1865 | romance indianista
  9. Ao imperador: cartas políticas | Erasmo | 1865 | cartas críticas
  10. Ao povo: cartas políticas | Erasmo | 1866 | cartas críticas
  11. Ao imperador: novas cartas políticas | Erasmo | 1867 | cartas críticas
  12. O gaúcho | Senio | 1870 | romance regionalista
  13. A pata da gazela | Senio | 1870 | romance urbano
  14. O tronco do ipê | Senio | 1871 | romance regionalista
  15. Til | J. de Alencar | 1871 | romance regionalista
  16. Sonhos d'ouro | Senio | 1872 | romance urbano
  17. O guaratuja | J. de Alencar | 1872 | romancete histórico
  18. O ermitão da Glória | J. de Alencar | 1873 | novela histórica
  19. A alma do Lázaro | J. de Alencar | 1873 | novela histórica
  20. Guerra dos Mascates | Senio | 1873 | romance histórico
  21. Ubirajara | J. de Alencar | 1874 | romance indianista
  22. Ao correr da pena | J. de Alencar | 1874 | crônicas
  23. O sertanejo | J. de Alencar | 1875 | romance regionalista
  24. Senhora | G. M. | 1875 | romance urbano
  25. Como e porque sou romancista | José de Alencar | 1893 | autobiografia
  26. Encarnação | José de Alencar | 1893 | romance urbano
  • Nota 1: Em algumas bibliografias de José de Alencar, é considerado 1857 como ano de publicação de A viuvinha. Na realidade, no começo de 1857 A viuvinha foi publicado parcialmente como folhetim no jornal Diário do Rio de Janeiro, mas a publicação foi suspensa e não mais retomada, ficando a história incompleta. Somente em 1860, Alencar publicou o romancete completo numa edição conjunta com seu primeiro romancete, Cinco minutos. [fonte: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin]
  • Nota 2: As minas de prata foi publicado originalmente em 6 volumes: os dois primeiros em 1862 e o restante em 1865 e 1866. Os dois primeiros volumes de As minas de prata trazia no subtítulo a informação de que era a continuação de O guarani (1857).
  • Nota 3: Ao imperador: cartas de Erasmo (1865) foi ampliado em 1866 e relançado como Ao imperador: cartas políticas de Erasmo.
  • Nota 4: Em 2008, ao ser relançado, Ao imperador: novas cartas políticas de Erasmo foi publicado com um novo título Cartas a favor da escravidão.
  • Nota 5: O guaratuja, O ermitão da Glória e A alma do Lázaro foram lançados originalmente em um livro chamado Alfarrábios (em dois volumes)
  • Nota 6: Apesar de ter sido impresso em 1871, o primeiro volume de Guerra dos Mascates foi publicado em 1873. [fonte: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin]

Peças teatrais (9):
  1. O Rio de Janeiro (Verso e Reverso) | anônimo | 1857 (encenação) | 1857 (livro) 
  2. O demônio familiar | J. de Alencar | 1857 (encenação) | 1858 (livro)
  3. O crédito | J. de Alencar | 1857 (encenação) | não publicado
  4. As asas de um anjo | J. de Alencar | 1858 (encenação) | 1860 (livro)
  5. Mãe | J. de Alencar | 1860 (encenação) | 1862 (livro)
  6. A noite de São João | anônimo | 1860 (encenação) | 1857 (livro)
  7. O que é o casamento? | anônimo | 1862 (encenação) | não publicado
  8. A expiação | J. de Alencar | não encenada | 1868 (livro)
  9. O jesuíta | J. de Alencar | 1875 (encenação) | 1875 (livro)
  • Nota: A expiação (1868), uma peça não encenada de José de Alencar, é a continuação da peça As asas de um anjo (1858).

Outros textos (32):
  1. Ao correr da pena | J. de Alencar | folhetim (jornal Correio Mercantil)
  2. O Rio de Janeiro às direitas e às avessas | J. de Alencar | 1856 | folhetim (jornal Diário do Rio de Janeiro)
  3. O guarani | anônimo | 1856 | folhetim (jornal O Diário do Rio de Janeiro)
  4. O Marquês de Paraná | J. de Alencar | 1856 | biografia
  5. Cinco minutos | J. de Alencar | 1856-1857 | folhetim (jornal O Diário do Rio de Janeiro)
  6. A viuvinha | J. de Alencar | 1857 | folhetim incompleto (jornal O Diário do Rio de Janeiro)
  7. Carta aos eleitores do Ceará | J. de Alencar | 1860 | carta
  8. A valsa | J. de Alencar | 1863 | poema
  9. Os filhos de Tupã | J. de Alencar | 1863 | poema
  10. Ao redator do Diário | Erasmo | 1866 | carta 
  11. Ao Marquês de Olinda | Erasmo | 1866 | carta 
  12. Ao Visconde de Itaboraí| Erasmo | 1866 | carta 
  13. Os partidos | J. de Alencar | 1866 | ensaio político
  14. O sistema representativo | J. de Alencar | 1866 | ensaio político
  15. O Marquês de Caxias | J. de Alencar | 1867 | biografia
  16. O juízo de Deus | J. de Alencar | 1867 | panfleto 
  17. A corte do leão | Asno | 1867 | panfleto
  18. Uma tese constitucional | J. de Alencar | 1867 | ensaio jurídico
  19. Questão do habeas-corpus | - | 1868 | ensaio jurídico
  20. Discussão do voto de graças | José M. de Alencar | 1869 | discurso
  21. A festa macarrônica | J. de Alencar | 1870 | panfleto
  22. A viagem imperial | J. de Alencar | 1871 | discurso
  23. Alfarrábios | J. de Alencar | 1872/1873 | livro em 2 volumes contendo: | O guaratuja | O ermitão da Glória | A alma do Lázaro |
  24. Voto de graças | J. de Alencar | 1873 | discurso
  25. Reforma eleitoral | J. de Alencar | 1874 | ensaio político
  26. O novo cancioneiro | J. de Alencar | 1874 | carta (jornal A República)
  27. O vate bragantino | J. de Alencar | 1874 | carta (jornal A República)
  28. Aos domingos | J. de Alencar | 1875 | folhetim (jornal O Globo)
  29. Encarnação | J. de Alencar | 1877 | folhetim (jornal Folha Nova)
  30. Esboços Jurídicos | José de Alencar | 1883 | ensaio jurídico
  31. A propriedade | José de Alencar | 1883 | ensaio jurídico
  32. Pareceres | José de Alencar | 1960 | ensaio jurídico
Fontes:

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