José de Alencar (1829-1877) foi um escritor, dramaturgo, advogado e político brasileiro. José Martiniano de Alencar nasceu em 1 de maio de 1829 na cidade de Messejana (atualmente é um bairro da cidade de Fortaleza), no estado do Ceará (na época província), Brasil (na época Império do Brasil). Filho do padre, jornalista e político
José Martiniano Pereira de Alencar (1794-1860) e de Ana Josefina de Alencar (?-1887), foi o primeiro filho do casal e só teve sua paternidade reconhecida em 1859, através de um documento chamado "Escritura de Reconhecimento e Perfilhação de Filhos Espúrios", já que ele e seus irmãos nasceram de uma relação ilegítima (e considerada escandalosa na época) pois seu pai era sacerdote da Igreja Católica. O documento dizia em partes: "O padre José Martiniano de Alencar, já sendo clérigo de Ordens Sacras, contraiu amizade ilícita e particular com dona Ana Josefina de Alencar, sua prima no primeiro grau, e dela tem tido desde aquele tempo até doze filhos". José de Alencar, que tinha na família o apelido de Cazuza, teve doze irmãos, entre eles:
Leonel (1832-1921, Barão de Alencar), Tristão (1837-1921), Maria Amélia (1840-?), Bárbara Augusta (1842-?), Joaquina Carolina (1843-?), Argentina Adelaide (1850-?) e Carlos (1852-1921). Sua avó paterna foi
Bárbara de Alencar (1760-1832), heroína da
Revolução Pernambucana (1817) e da
Confederação do Equador (1824). O pai de José de Alencar, além de padre, era político (foi deputado, senador e governador do Ceará), e Alencar cresceu nesse meio político num período de grandes disputas pelo poder, o
Período Regencial (1831-1840), período entre a abdicação do imperador Dom Pedro I e a proclamação da maioridade de Dom Pedro II, aos 14 anos de idade, através da
Declaração da Maioridade, que o tornou imperador do Brasil. Em 1840, aos 11 anos de idade, mudou-se com a família para a cidade do Rio de Janeiro, capital do Império, e foi matriculado no Colégio de Instrução Elementar. Em 1843, o jovem Alencar, com 14 anos de idade, mudou-se para a cidade de São Paulo, indo residir em uma república de estudantes, e matriculou-se em cursos preparatórios para a Faculdade de Direito, começando a faculdade em 1846. Nessa época criou, juntamente com alguns colegas, a revista semanal
Ensaios Literários, onde publicou seus primeiros ensaios. O terceiro ano da faculdade, ele cursou na cidade de Olinda, na província de Pernambuco, concluindo o curso em 1850, já de volta à São Paulo. Após terminar a faculdade, voltou para o Rio de Janeiro e, em 1854, começou a publicar o
folhetim Ao correr da pena (crônicas) no jornal
Correio Mercantil. Em 1855, José de Alencar e seu irmão Leonel passaram a chefiar a redação do jornal
Diário do Rio de Janeiro. Nesse jornal, sob o pseudônimo de
Ig., em formato de cartas, Alencar publicou
Cartas sobre A Confederação dos Tamoios, críticas literárias da obra
A Confederação dos Tamoios, de
Gonçalves de Magalhães (1811-1882). Em 1856, publicou o primeiro romance,
Cinco minutos. Mas é no ano posterior que alcançou notoriedade com
O guarani. Esses romances foram publicados inicialmente como folhetim no
Diário do Rio de Janeiro e só depois no formato de livros. Em 1859, tornou-se ingressou no serviço público como chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo depois consultor do mesmo. Em 15 de março de 1860, seu pai faleceu e, nesse mesmo, ingressou na política, como deputado provincial no Ceará, pelo Partido Conservador (mandatos de 1861-1863 e 1869-1872). Em 20 de junho de 1864, casou-se com Georgiana Augusta Cochrane (1846-1913), com quem teve seis filhos:
Augusto (1865-1927), Clarice (1869-1957), Cecília (1870-1953), Elisa (1867-1925),
Mário (1872-1925) e Adélia (1874-1946). Segundo uma história nunca confirmada, Mário de Alencar poderia ser, na verdade, filho do escritor Machado de Assis (1839-1908), o que, para alguns, daria respaldo para o enredo principal do romance
Dom Casmurro (1899). Em 1868, tornou-se ministro da Justiça. Em 1869, candidatou-se ao senado do Império por Ceará, mas o imperador D. Pedro II não o escolheu para o cargo de senador alegando que Alencar era muito jovem ainda. Magoado com o imperador decidiu abandonar a carreira política, deixando o cargo de ministro da Justiça em janeiro de 1870. Além dos romances, José de Alencar escreveu peças de teatro. Em 1877, ele viajou para a Europa, em busca de tratamento médico, porém não obteve sucesso. No mesmo ano, em 12 de dezembro, o consagrado escritor faleceu no bairro de Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro, aos 48 anos de idade, vítima de tuberculose. Seu corpo foi enterrado no Cemitério de São Francisco Xavier, mas posteriormente, transferido para o Cemitério de São João Batista, ambos no Rio de Janeiro. José de Alencar publicou seus livros utilizando os pseudônimos J. de Alencar, G. M. e Senio. Duas obras foram publicadas postumamente em 1893: Como e porque sou romancista e Encarnação. Em julho de 1897 (quase 20 anos após sua morte), foi fundada a Academia Brasileira de Letras (ABL). Nas discussões que antecederam a fundação da academia, seu nome foi defendido por Machado de Assis para ser o primeiro patrono (cadeira Nº 1). Mas como o fundador dessa cadeira era Luís Murat (1861-1929), o patrono escolhido por ele foi Adelino Fontoura (1859-1884), um autor quase desconhecido. Machado de Assis, fundador da cadeira Nº 23, nomeou então José de Alencar como patrono de sua cadeira. Posteriormente, os membros que ocuparam essa cadeira foram: Lafayette Rodrigues Pereira, Alfredo Pujol, Otávio Mangabeira, Jorge Amado, Zélia Gattai, Luiz Paulo Horta e Antônio Torres. [
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